não soubera de nada até
que lhe esparramassem o juízo
não caíra em tropeços até
que lhe atirassem palavras
preferira ir à argentina.
dar bom dia às senhoras
e zombar das tias
dos meninos correndo ali perto.
intactos.
sem saber dos mundos
de além da argentina
(lembra-me a terra antiga
a terra antiga em que não nasci
e me são vísceras.
lembra-me, ah, como me lembra,
os meninos na praia vendo o mar
sem entender o mar
sem entender aquela linha fina
a que chamamos horizonte,
ali onde nunca termina
o mar)
andara um bocado à frente
e eram três flores:
uma de casamento
uma de sepulcro
e outra que era flor apenas
tão-somente flor.
pelo preço de um chá
com as vizinhas,
comprara vistas,
conquistara espaços,
reservara vidas.
vida: propriedade de quem
tem ar no peito
e nas vozes
propriedade de ouvir vozes
e não saber o que fazer
dos minutos inúteis -
aquilo a que chamamos dia-a-dia
mas fora à argentina.
mais: estivera em argentina
e os cães todos
as mães todas
todas as canções
abriram-se num sobressalto,
como quem acorda e vive
como quem aprende e ouve
como quem viaja e
jamais se esquece
como quem anda e respira
e cria...
e crera.
segunda-feira, 27 de novembro de 2006
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8 comentários:
me faz lembrar chico.
e crera... que viver em sociedade é uma coisa muito dificil. E que conhecer o mundo, sem que ele nos conheça, é algo improvável, porém seria a glória...
em fim, lendo isso só me vem a mente uma coisa: vou escrever como você quando eu crescer, aposte nisso!
ps: "invadi" teu blog, porém recebi convite no fotolog =P
bjs
me lembra uma coisa q eu escrevi na parede do meu quarto um dia.... embora esse seja mais cinza
cria de crer ou de criar?
:***
de crer. se fosse de criar, seria 'criara'. :)
longa é
a
dor.
que ri da.
;o*
a questaum é q está seguindo dois verbos conjugados diferentemente desse tempo ridiculamente facil de lembrar o nome q eu eskeci (anda, respira e cria)
see? :*
e tem mais: eu cri.
(a conjugaçaum mais adorável desse verbo)
Esses meninos vendo o mar sem entendê-lo são tão felizes.
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