enquanto nada ao redor era além de estrangeirismo, os acentos todos postos em lugar-desconhecido e toda liberdade de falar cortada bruscamente, eu não fazia parte, eu não acrescentava, eu era tão-somente imagem.
não havia diálogos e meus ouvidos se encheram do propósito máximo, ouvia eu, ouvia, e às vezes quase se abria a minha boca; saía nada dali.
passaram-se meses e veio o frio naquele país; com o frio, o discurso. havia alguma segurança qualquer no discurso. e foi em vão: a língua não me pertencia, jamais me pertenceria. nada mais me pertencia, os dias eram em língua estrangeira, até os minutos e o ar, não havia jardim ou rua que me acolhesse, até os compatriotas eram já esquecidos no tempo, tamanho o tempo que não voltavam pra casa, tamanha a distância que preferiram estabelecer.
era o exílio, eu não sabia, ou talvez tenha preferido não saber. era o exílio que me encontrava em carne viva e pele, o corpo desterrado de si e da pátria.
houve - e não tardou, que nada tarda - o tempo de voltar à pátria. a língua, as ruas todas sem novidade, as gentes sorrindo previsivelmente, até as buzinas soaram idênticas.
e eu idêntica a mim. a mim, sem novidades. sem grandes surpresas. há qualquer beleza no escapismo. e eis o drama: há tristeza e falta de norte na impossibilidade do auto-exílio.
há tristeza e falta de norte na impossibilidade do auto-exílio.
quinta-feira, 28 de setembro de 2006
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5 comentários:
oi maninha!
também tô com blog...
beijinho...
O bom é que esqueci de deixar o endereço
aahhahah
poxa, e nós nem nos despedimos.
sinto muitas saudades.
divirta-se DEMAIS aí.
beijos da sua irmãzinha,
bela.
Muito bonito, menina!
;)
Voltarei mais vezes agora.
Beijos, Mari
ana fodona, é triste vc parar de escrever, dói nas têmporas!
escreve escreve escreve, derrama teus humores sobre nós! :***
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