quinta-feira, 28 de setembro de 2006

exílio em pincel.

enquanto nada ao redor era além de estrangeirismo, os acentos todos postos em lugar-desconhecido e toda liberdade de falar cortada bruscamente, eu não fazia parte, eu não acrescentava, eu era tão-somente imagem.
não havia diálogos e meus ouvidos se encheram do propósito máximo, ouvia eu, ouvia, e às vezes quase se abria a minha boca; saía nada dali.

passaram-se meses e veio o frio naquele país; com o frio, o discurso. havia alguma segurança qualquer no discurso. e foi em vão: a língua não me pertencia, jamais me pertenceria. nada mais me pertencia, os dias eram em língua estrangeira, até os minutos e o ar, não havia jardim ou rua que me acolhesse, até os compatriotas eram já esquecidos no tempo, tamanho o tempo que não voltavam pra casa, tamanha a distância que preferiram estabelecer.

era o exílio, eu não sabia, ou talvez tenha preferido não saber. era o exílio que me encontrava em carne viva e pele, o corpo desterrado de si e da pátria.

houve - e não tardou, que nada tarda - o tempo de voltar à pátria. a língua, as ruas todas sem novidade, as gentes sorrindo previsivelmente, até as buzinas soaram idênticas.

e eu idêntica a mim. a mim, sem novidades. sem grandes surpresas. há qualquer beleza no escapismo. e eis o drama: há tristeza e falta de norte na impossibilidade do auto-exílio.

há tristeza e falta de norte na impossibilidade do auto-exílio.

5 comentários:

Jennifer disse...

oi maninha!
também tô com blog...
beijinho...

Anônimo disse...

O bom é que esqueci de deixar o endereço
aahhahah

Anônimo disse...

poxa, e nós nem nos despedimos.

sinto muitas saudades.

divirta-se DEMAIS aí.

beijos da sua irmãzinha,

bela.

Mari B. disse...

Muito bonito, menina!
;)
Voltarei mais vezes agora.

Beijos, Mari

salix disse...

ana fodona, é triste vc parar de escrever, dói nas têmporas!

escreve escreve escreve, derrama teus humores sobre nós! :***