terça-feira, 12 de dezembro de 2006

i'll make a sad, i'll make a sad sad song.

talvez seja ainda um pouco cedo pra isso tudo, vocês sabem, aquelas considerações de final de ano. mas faltam poucos dias pra chegar ao fim o nosso 'querido' 2006. não deve ser tão cedo assim.

até abril desse ano, eu ainda estava na frança. em janeiro, estive em berlim, um final de semana como poucos. nevava muito, quase não parava de nevar. conheci três espanhóis e uma italiana no albergue, uma pena nos termos desencontrado naquela noite em que acabei conhecendo um alemão muito simpático e afoito no bar. até dormir no colo do moço eu dormi, tamanha era a bebedeira. e acordei perto das seis horas da manhã, em semi-desespero. ele queria que eu fosse pra casa dele. 'tá doido', eu disse, 'vê se vou assim pra casa de um desconhecido estrangeiro'. a parte isso, houve helmut newton no museu de fotografia, leituras atentíssimas a cada pequena história das crianças exiladas dos pais e do país na época do nazismo. muita cultura alemã na ilha dos museus - berlim é tão fantástica que até tem uma ilha de museus. um senhor tocando piano em plena neve e eu arriscando algumas palavrinhas em alemão, pedindo-lhe eine kleine nachtmusik. ele não sabia tocar essa do mozart.

em março, segui para londres. outro final de semana memorável, embora eu esperasse mais, só um pouco mais, do meu parco tempo para passeios. algumas roupas antiqüíssimas em camden town, visitas a guilford, festa típica de ingleses suburbanos, ora vejam, as pessoas brincavam de pregar prendas. não participei. starbucks e caminhadas by the river. eu vi o london eye quando já era noite. pisei algumas vezes em piccadilly circus e me perdi por entre as lojas geniais e bizarras do soho. mas ouso dizer, a bem da verdade, que a melhor parte da viagem foi a volta, quando eu pude ver, à tarde, a estrada que me levaria de volta à paris.

paris, despedidas, brunchs. não houve tempo e dinheiro para ir a versailles, uma grande pena. mas eu nunca pensei que aquela seria a última vez... e não foi, de fato, e a vez seguinte veio muito mais cedo do que eu esperava - mas isso é assunto para outro parágrafo. fotografias, loucuras na champs elysées, coxinhas de galinha e batidas de coco.

no dia onze de abril, eu vi o rio de janeiro, que continuava lindo... e quente. o primeiro dia no brasil foi de reclamação do calor e falta de sono, talvez pela excitação. revi meu irmão, depois de cinco anos, e todos os meus amigos, depois de oito meses. muitos não sabiam da minha volta. colecionei expressões de surpresa, conversei madrugada adentro com os que quiseram e puderam me acompanhar.

e os costumes... consegui um emprego na mega model niterói, agência de modelos supostamente promissora. ledo engano. conseguiam ser mais desorganizados lá dentro que cinco anas juntas. conseguiram ser sacanas como quase todo mundo consegue ser nesse mundo de maucaratismo. não durou muito. mas eu posso dizer que conheço o mundo da moda.

crescer sempre foi difícil e não é novidade alguma. muitos se afastaram, eu me afastei de muitos. sinto-me melhor assim. eu poderia ser como o morrissey que, segundo a minha prima mariana, não falou com mais de quinze pessoas nessa vida. ou eu poderia ser, como disse, emocionada, a minha cara amiga bela, aquela que fala com todos por ele. é muita confiança.

mas as pessoas têm sido cada vez menos dignas de confiança. ou talvez nunca tenham sido e eu só esteja crescendo. o que importa de verdade é o meu existencialismo tardio e si je ferme mes yeux, je suis responsable. o que importou, no final das contas, foi o que eu pude fazer de bom para mim mesma. o mal que eu me fazia e consegui, em partes, eliminar. valeram muito as pazes com a música, que redescobri, em exílio, no país de louis e napoleon. magnetic fields foi a grande descoberta e jacqueline taieb foi uma das maiores (e poucas) alegrias.

voltei à paris, tão rápido, mas, ainda bem, com tempo suficiente pra encontrar alguns dos queridos que deixei por lá. acabei com os pés da minha irmã isabel e da minha amantíssima federica cammarota. fiz as pazes em londres, atravessei a abbey road e vi a troca da guarda. voltei e as malas não quiseram acompanhar o meu ritmo. mas vi o diabo veste prada em pleno vôo e desejei ser miranda. só pelo olhar desdenhoso.

perdemos a cecilia e ficaram as saudades. nunca mais foi a mesma coisa passar por botafogo. perdemos vovó beth e aquele quarto que um dia foi do meu irmão não haverá de ser o mesmo também.

perdi 'amigos' e, agora vejo o quanto dou graças a deus ou ao diabo por isso.
mas os que ficaram, ficaram fortes, e deus ou o diabo merecem meus agradecimentos mais uma vez.

no fim das contas, não sei se foi bom ou ruim. talvez não tenha sido propriamente bom ou propriamente ruim. 2006 foi um ano de transição. ou talvez isso tudo seja uma grande piada.


bem, life's but a joke.



e a gente volta com a nossa programação normal em breve, sem baboseiras ao estilo meu querido diário ou retrospectiva 2006. a gente volta, que a gente sempre volta, com a boa e velha literatura.
aconselho quincas borba, daquele que é sempre machado. aconselho alexandre o'neill e sua poesia impressionante, bem como eu gostaria que a minha fosse. aconselho, fora do campo da literatura, exercícios físicos, amigos a contar nos dedos de uma - só uma - mão, 69 love songs, discografia do bowie, abandonar fotolog e orkut, que isso dá camisa a ninguém, e aprender novas línguas.
aprender coisas novas e fazer coisas novas, sem se importar muito com o que vão achar disso. parar de esperar qualquer coisa da vida ou das pessoas e assim evitar grandes decepções.

um beijo,
outro,
tchau.

7 comentários:

Anônimo disse...

parece que seguimos os mesmos "conselhos" este ano. meigo, né?

e lindo, lindíssimo post.

beijos de um dos dedos da mão, para um dos dedos da minha mão (esquerda, porque sou canhota),

bela.

salix disse...

nkunKUNRKUSNEKRUHSREKUH
em algum fotolog eu vi essa ordem de despedida exata, mas num lembro qual.

and life isn´t but a joke, dear

Vc é fantástica até escrevendo o diário de férias pra professora da alfabetização :~. Qto a exercicios fisicos eu preciso concordar, e linguas novas saum demais (embora seja triste eu num conseguir mais tempo pra isso).
anika, shiva vive! :~~~ e o fogo de shiva nada perdoa. :*

Anônimo disse...

Se eu for parar pra fazer um balanço desse ano, até que não foi dos piores. Mas eu quero que acabe imediatamnte.

E enquanto voce pisava varias vezes em piccadillys, eu pisava do barro do cubango....viada.

no hay otros paraísos que los paraísos perdidos. disse...

já eu, vou de heleninha.

Anônimo disse...

hein?

Anônimo disse...

*Eu sou um ogro. Um monstro. Um erro. Sou fracasso, esquecimento e desespero. Sou um romance sem fim, um final sem feliz, um verso sem rima, um Poema em Linha Reta. Sou João quando ela quer Maurício, eu sou o ínicio, quando ela quer o fim. Eu sou o Tim, sou des tom, o lá que vem sem dó, o lá quando é aqui, o aqui quando já se foi, e tudo o que eu não sou é o que há para se ser. O que se espera de ser. O que se precisa saber. Em que se precisa crer. A dose maior é minha, o mais bêbado sou eu, o mais ridículo atende pelo nome de mim. Desrítmico. Sem pé nem cabeça. Sou Terça.*d

Anônimo disse...

Muito bonito seu post.
Quincas Borba é lindo, meu preferido dos que li do Machado =)
Meu 2006 também foi de transição, amadurecimento e surpresas. Isso é ótimo!
Beijocas pra você,

Mari